Foto: Marcos Paulo
Cantidio Filho, Luiz Brandão, José Dirceu e Oscar de Barros
O Brasil voltou a ser uma potência mundial. E tinha de ser assim porque o pais já é naturalmente uma potência em território, em população e em economia. O país não tem porque ficar isolado. Isso é o que garante o ex-deputado federal e ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu.
Dirceu estava em Teresina (PI) desde quinta-feira (02) quando fez palestra e se reuniu com lideranças do PT e do movimento social para falar sobre a luta pelo fortalecimento da democracia e das instituições. Ele deixou o Piauí na madrugada deste domingo.
Mas ontem, sábado (04), pela manhã, José Dirceu recebeu os jornalistas Cantidio Filho, Luiz Brandão e Oscar de Barros no Blue Tree Hotel, para uma entrevista. Durante 34 minutos, Dirceu falou dos mais importantes temas políticos do Brasil e do mundo na atualidade.
Dirceu considera que o governo do presidente Lula está no caminho certo na política externa. Diz que o Brasil voltou ao cenário mundial como protagonista com a posse de Lula. "E tinha de ser assim porque o Brasil está entre as dez maiores economias do mundo. O País é, naturalmente, o maior líder da América do Sul e deve buscar essa unidade sul-americana para que o continente possa ter voz unificada nos assuntos mundiais", destacou o ex-ministro.
Segundo Dirceu, essa retomada do protagonismo era importante. "Isso é muito importante. Primeiro porque nós temos um espaço muito importante do ponto de vista geopolítico, histórico, político, cultural, na América do Sul. E o presidente Lula sabe disso. Por isso visitou o Peru e agora, está indo agora dias 16 e 17 ao Chile para fortalecer esses laços", explica o ex-ministro.
O ex-deputado destacou que o Brasil precisa retomar sua industrialização para ficar completo. O país, segundo ele, está conquistando sua soberania em segurança alimentar e tem sua soberania em segurança energética.
"Nós temos que completar a industrialização do Brasil, já nesse novo mundo. E conquistar a soberania tecnológica. O mundo é um mundo de crise. Não só a crise de 2008, 2009, 2011 e 2012. Depois nós tivemos a pandemia e o mundo de guerras. A globalização está cobrando as suas consequências", diz.
Segundo o ex-ministro também é preciso cobra justiça tributária para o Brasil. A questão tributária é séria porque não se distribui renda pela estrutura tributária que existe no país. A maioria da população pobre paga imposto, mas apenas 1% que tem praticamente um terço da renda nacional não paga", resssalta o ex-deputado, acrescentando que o outro problema são os juros altos, que banca o capital financeiro e o sistema bancário.
José Dirceu diz que o país tem crescido, criado emprego, melhorado a renda. "Mas o país é muito afetado pela política norte-americana de juros. Pelo poder que o capital financeiro tem, pelo poder que o agronegócio tem. E porque também mineração e agricultura não paga imposto praticamente", garante.
Revolução social
Para o ex-ministro, a democracia no mundo corre risco, vive sob pressão. Principalmente no Ocidente. Para ele, a única saída para manter a democracia forte é fazer uma revolução social. "Se não há democracia social, a democracia política fica muito frágil. Nós precisamos, no Brasil, avançar. Lutar por mudanças para que haja uma melhor distribuição de renda, riqueza e propriedade para quem mora no Brasil.
Dirceu destaca que a ameaça mais forte é da extrema direita. "Aqui, no Brasil, nós vivemos sob ameaça do bolsonarismo, vivemos sob ameaça da articulação conservadora internacional, que acabou de se manifestar agora nessa crise, quando o dono do ex-Twitter do Grupo X, ameaçou diretamente o Supremo Tribunal Federal, o governo brasileiro. E nós estamos vendo o bolsonarismo se articular internacionalmente. E ele pregou, defendeu e tentou dar um novo estado no Brasil. E eles estão respondendo por isso na Justiça e não aceitam essa verdade", afirma.
Ditadura
O ex-presidente nacional do PT diz que agora o bolsonarismo está defendendo a anistia. "Eles estão fazendo uma pressão para que os processos parem, porque querem uma anistia. Na verdade, se eles voltarem ao governo, vão implantar uma ditadura no Brasil. Não tem dúvida nenhuma. O desafio são as eleições de 2026. Eles vão tentar formar uma maioria no Senado, bloquear a ação do Supremo Tribunal Federal e praticamente bloquear o governo", ressalta Dirceu.
Ele destacou ainda a força da juventude e diz que os jovens precisam "tomar o poder", participando da politica, das associações dos centros acadêmicos.
Veja a entrevista:
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