Descaso com mulheres nas prisões ocorre em vários estados

Piauí Hoje


A enviada do governo federal ao Pará, Elisabete Pereira, aponta descaso com as mulheres no sistema prisional brasileiro. Ela é uma das coordenadoras do grupo interministerial criado para acompanhar o caso da adolescente de 15 anos que ficou presa durante três semanas numa cela com 20 homens, em Abaetetuba (PA), e é diretora da Secretaria Especial de Políticas Públicas para Mulheres.Segundo a coordenadora, o grupo tem feito visitas periódicas em presídios de São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Rondônia, Brasília e Espírito Santo."O que temos apurado nessas visitas é que a violência contra a mulher no sistema prisional é de muitos anos", comenta, em entrevista à Agência Brasil."É uma população que está completamente ignorada dentro do sistema. Os próprios secretários de Segurança Pública nos estados, quando trabalham os repasses financeiros do governo federal, trabalham para o setor de penitenciárias masculinas, não demandam nem investem coisa nenhuma para as mulheres.""A mulher no Brasil não pode nada. Ela não pode sequer delinqüir", afirma. Na avaliação de Elisabete Pereira, o sistema prisional do país "é o retrato de uma cultura onde a mulher é invisibilizada e a presidiária, muito mais. Isso é punir a mulher duas vezes".Ela cita como exemplo a morte de três mulheres este ano no pavilhão 3 do Presídio de Santana (SP). Segundo ela, o secretário de Administração Penitenciária do estado alegou, à época, que as mulheres já estavam doentes. Entretanto, de acordo com Elisabeet, pelo menos uma delas morreu de leptospirose."Tem uma contaminação imensa de ratos, de pombos e de escorpiões dentro do presídio", afirma.Outro fato citado como exemplo de descaso foi a transferência de mulheres para uma ala do Complexo do Carandiru (SP), depois de sua demolição."Implodiram o Carandiru porque não servia mais para os homens, deixaram um pavilhão e mandaram para lá 1,3 mil mulheres que estavam espalhadas no estado", disse."O raciocínio é que, quando não serve nem para o preso homem, sobra para a mulher. É essa a filosofia do sistema nos estados", disse.Ela acrescentou que o grupo interministerial vai propor alterações no sistema prisional feminino do país. "A alteração vai da estrutura arquitetônica do presídio, até o trabalho com os filhos e a família dessa mulher para reintegrá-la na sociedade", afirmou.

Fonte: Agência Brasil

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