Política

Ministra Cármem Lúcia exige que Renan Calheiros respeite o Judiciário

O presidente do Senado chamou juiz federal de "juizeco" e ministro de "chefete" de polícia

Terça - 25/10/2016 às 13:10



Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil Ministra Cármem Lúcia eleita presidente do STF
Ministra Cármem Lúcia eleita presidente do STF

A propalada "harmonia" entre os Poderes anda arranhada. A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, exigiu hoje (25) respeito ao Judiciário, reagindo à fala do presidente do Senador, Renan Calheiros (PMDB-AL), que durante coletiva ontem (24) chamou de "juizeco" o juiz federal Vallisney Souza Oliveira. O juiz autorizou a prisão de quatro policiais legislativos na Operação Méti, que apurou o uso de servidores públicos para contraespionagem.

Os policiais do usaram equipamentos, veículos e passagens aéreas pagas pelo Senado para fazer varreduras nas casas de senadores e ex-senador. 

Na mesma entrevista, Renan Calheiros acusou o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes de agir como um "chefete" de polícia. “O ministro da Justiça não tem se portado como ministro de Estado. No máximo, tem se portado como um chefete de polícia”. 

Areação da ministra ocorreu na manhã desta terça-feiera, na abertura da sessão do Conselho Nacional de Justiça, do qual Cármem Lúcia também é presidente.  

Leia a fala da ministra na abertura da sessão do CNJ:

Declaro aberta esta sessão do Conselho Nacional de Justiça, órgão do Poder Judiciário brasileiro, constitucionalmente instituído para o fim especifico de não apenas nos zelarmos e zelar pelas melhores práticas do Poder Judiciário, como para garantir a força, a independência, a autonomia do Poder Judiciário. Respeito que nós devemos e guardamos com os poderes e evidentemente exigimos igualmente de todos os poderes em relação a nós.

O juiz brasileiro é um juiz que tem trabalhado pela República, como trabalhou pelo império. Somos humanos, temos erros. Por isso existe esse Conselho Nacional de Justiça, para fortalecer um poder Judiciário coerente com os princípios constitucionais, com as demandas e aspirações do povo brasileiro.

Mas por isso mesmo nós nos portamos com dignidade em relação à Constituição, uma vez que nós juramos à Constituição, todos nós juízes brasileiros. E nessa Constituição, em seu artigo 2º, se tem que são poderes da República independentes e harmônicos, o Legislativo, O Executivo e o Judiciário. Numa democracia, o juiz é essencial como são essenciais os membros de todos os outros poderes, repito que nós respeitamos.

Mas queremos também, queremos não, exigimos o mesmo e igual respeito para que a gente tenha democracia fundada nos princípios constitucionais, nos valores que nortearam não apenas a formulação, mas a prática dessa Constituição.
Todas as vezes que um juiz é agredido, eu e cada um de nós juízes é agredido. E não há a menor necessidade de numa convivência democrática livre e harmônica, haver qualquer tipo de questionamento que não seja nos estreitos limites da constitucionalidade e da legalidade.

O Poder Judiciário forte é uma garantia para o cidadão. Todos os erros, jurisdicionais ou administrativos que eventualmente venham a ser praticados por nós juízes, humanos que somos, portanto sujeitos a erros, no caso jurisdicional, o Brasil é prodigo que qualquer pessoa possa questionar e questione pelos meios recursais próprios os atos. O que não é admissível aqui, fora dos autos, qualquer juiz seja diminuído ou desmoralizado. Porque como eu disse, onde um juiz for destratado, eu também sou. Qualquer um de nós juízes é.

Esse Conselho Nacional de Justiça, como todos os órgãos do Poder Judiciário, está cumprindo a sua função da melhor maneira e sabendo que nossos atos são questionáveis. Os meus, no Supremo, o juiz do Tribunal Regional do trabalho, um juiz de primeira instância. Somos todos igualmente juízes brasileiros querendo cumprir nossas funções.

Espero que isso seja de compreensão geral, de respeito integral. O mesmo respeito que nós Poder Judiciário dedicamos a todos os órgãos da República, afinal somos sim independentes e estamos buscando a harmonia em benefício do cidadão brasileiro. Espero que isso não seja esquecido por ninguém, porque nós juízes não temos nos esquecido disso".

Fonte: Redação

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