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Lysia Bucar, seus irmãos e ex-tabeliães interinos são denunciados por desvio de R$ 27 milhões do cartório

As operações da ex-tabeliã vinham sendo investigadas desde junho de 2016

Sexta - 26/08/2016 às 18:08



Foto: Divulgação MP Cartório Naila Bucar
Cartório Naila Bucar

Os promotores de Justiça Plínio Fontes, Leida Diniz e Antônio de Moura Júnior apresentaram denúncia contra a ex-tabeliã Lysia Bucar, seus dois irmãos e ex-tabeliães interinos por peculato e formação de quadrilha, devido ao desvio de mais de R$ 27 milhões do poder  público. 

As operações da ex-tabeliã vinham sendo investigadas desde junho de 2016, através de procedimento de investigação criminal, por comissão de promotores de Justiça instaurada pelo procurador-geral de Justiça. A comissão encontrou indícios de três modalidades distintas de apropriação de taxas judiciais que deveriam integrar o patrimônio público. 
 
Desde maio de 2015, os representados não detêm mais a concessão do tabelionato, respondendo pelo cartório apenas como interinos, ou seja, até a nomeação dos aprovados em concurso público para exercício do cargo. Como interinos, eles teriam o direito de receber remuneração de R$ 30.471,10, mas deveriam repassar o restante do faturamento líquido ao Poder Judiciário, o que não fizeram.

O faturamento do cartório no período maio de 2015 a maio de 2016 fora superior a R$ 18 milhões. Após abatidas as despesas comprovadas com os gastos operacionais e os rendimentos da própria tabeliã interina, deveria ter sido recolhido ao FERMOJUPI um valor aproximado de R$ 15 milhões, o que não teria sido feito pela investigada Lysia Bucar.

Também se colheram indícios de que Lysia Bucar e Antônio Lisboa apropriaram-se de depósitos prévios. Tais valores correspondem ao recebimento de dinheiro no ato da entrada do pedido do serviço cartorário. Em caso de desistência e/ou impossibilidade de realização do ato cartorário solicitado, o depósito prévio é devolvido ao cidadão solicitante. Por outro lado, caso seja realizado o ato, o depósito prévio é convertido em emolumentos, ficando sujeito ao pagamento da taxa do FERMIJUPI (10%).

A ex-tabeliã deveria manter custodiados os valores recebidos a título de depósito prévio até a realização do ato ou devolução aos cidadãos interessados, o que não ocorreu. Passados mais de dois meses após serem afastados do tabelionato, os investigados não repassaram à atual tabeliã interina os valores correspondentes aos depósitos prévios. Com base em dados encontrados nos livros contáveis do próprio Cartório do 2º Ofício, os investigados teriam se apropriado de mais de 11 milhões de reais de depósitos prévios.

“Os cidadãos que fizeram depósitos ao Cartório do 2º Ofício e não tiveram seus atos cartorários executados ou não receberam seu dinheiro de volta podem procurar a 6ª Promotoria de Justiça Criminal para que se providencie a juntada dos documentos aos autos do processo criminal e assim possibilitar a devolução de tais valores indevidamente apropriados pelos investigados.” - esclarece o Promotor de Justiça Plínio Fontes.

Outra forma de se apropriar de emolumentos que deveriam ser recolhido aos cofres públicos foi a simulação de  gastos de custeio, mediante contratos fictícios. Apurou-se que em julho e agosto de 2010 o cartório apresentou como gasto de custeio a ser abatido dos emolumentos que seriam recolhidos ao Poder Público contrato de locação de móveis e computadores, firmado entre o cartório e a empresa Lar Construções. Ocorre que o cartório continuou a registrar em seus livros contábeis gastos com aquisição de bens móveis e material de informática. Ou seja, lançou duas despesas referentes aos mesmos objetos a serem abatidas dos emolumentos que foram recolhidos ao Poder Público naqueles meses.

Bom ressaltar que os próprios investigados disseram que a Lar Construções não locava material de informática para nenhuma empresa, nem mesmo para o Cartório. Tal informação diverge de contrato apresentado nas prestações de contas ao TJ-PI, no qual Antônio Lisboa, como representante da Lar Construções, locava móveis e material de informática para Lysia Bucar, representando o cartório do 2º Ofício. O gasto simulado importou em apropriação indevida superior a R$ 88 mil reais.

Fonte: MP/PI

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