Educação

MP pede proteção à menina de 11 anos grávida de gêmeos

Piauí Hoje

Quarta - 26/05/2010 às 04:05



Depois de passar mal na segunda-feira, a pequena e futura mamãe, que mora em Santa Luzia, na Grande Belo Horizonte, e tem apenas 11 anos de idade, grávida de gêmeos, não diz quem é o pai dos bebês e, em estado de choque, somente chora, sem pronunciar palavras.Sua mãe, Marilene Silêncio, de 29 anos, também não fala e não quis denunciar o caso. Os tios e a avó, que souberam há um mês da gravidez, acusam o padrasto da menina, que está desaparecido desde 5 de abril. O crime está sendo investigado pelo Ministério Público de Minas Gerais.Para o presidente da Associação Brasileira de Prevenção e Tratamento às Ofensas Sexuais, José Raimundo da Silva, que é médico psiquiatra da infância e da juventude e um dos introdutores do assunto no país, esse tipo de crime deixa cicatrizes cuja ferida dificilmente termina. "Situações como essas são mais comuns do que se possa imaginar", diz o médico, que também coordena o Ambulatório Especial de Acolhimento e Tratamento de Famílias Incestuosas do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC/UFMG).Segundo José Raimundo, estudo feito em São Paulo com 250 famílias vítimas de algum abusador sexual, em 53,14% dos casos o culpado é parente próximo do alvo. A gravidez de gêmeos da criança de BH foi percebida, segundo informaram os familiares, quando a menina já estava grávida de seis meses. "Vimos que ela estava engordando e achávamos que era barriga d%u2019água", contou a avó da garota, Maria José Silêncio, relatando que seu marido, que tinha operado de apendicite, passou mal quando soube da notícia e precisou ser internado, em estado grave, morrendo 15 dias depois.SimplicidadeÉ numa casa simples, na periferia de Santa Luzia, na Grande BH, que a pequena de 11 anos vivia com o padrasto, o pedreiro João de Souza de Neves, de 34 anos, e Marilene Silêncio, de 29 anos. De acordo com familiares, a mulher vivia há oito anos com João, desde que sua filha tinha 3 anos. Ao lado do barracão, na casa ao lado, mora a avó e outro filho de Marilene, de 12 anos, que foi criado pelos avós. "João era um homem de quem todos nós gostávamos muito. Era como se fosse meu filho", diz Maria José Silêncio, avó da garota. Segundo ela, a menina não o chamava de pai, mas pelo nome. "O pai biológico dela mora aqui no bairro, mas ela não tem nenhum contato com ele."Segundo a conselheira tutelar Aurete Alcântara Ribeiro, o Ministério Público está investigando o caso. "A infância dela foi interrompida. É preciso uma rede de proteção à garota, para que possamos fazer uma reconstrução da sua vida", diz, acrescentando que o silêncio de mãe e filha pode ser por medo. "A omissão é crime, por isso, a denúncia é tão importante. É preciso quebrar essa parede de silêncio", acrescenta. Em nota, o Hospital Sofia Feldman informou que a criança está sendo acolhida pela unidade e, em respeito ao desejo da menor e da mãe dela, "demais informações serão mantidas em sigilo".

Fonte: Estado de Minas

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