Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
Senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR)
A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que virou ré hoje (27) na Operação Lava Jato, disse que recebeu “com tristeza” a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de acatar a denúncia contra ela e o marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, feita pela Procuradoria-Geral da República. Gleisi disse que a abertura do processo lhe dá “o benefício da dúvida”, que deverá pesar quando o julgamento acontecer.
“Embora eu respeite muito a Justiça do nosso país, devo dizer que recebi com profunda tristeza a aceitação por parte da Segunda Turma [do STF] contra mim e também contra o Paulo. Mas também, no voto do relator Teori Zavaski, ele coloca que não tem certeza dos fatos ocorridos. Portanto, me dá o benefício da dúvida, coisa que eu não tive até agora. E estou ciente de que o Supremo Tribunal Federal vai analisar com profundidade o processo, vai conseguir ver que não há sustentação [para a denúncia]”, disse a senadora em entrevista após a decisão do Supremo.
Gleisi, que foi ministra da Casa Civil no primeiro governo da ex-presidenta Dilma Rousseff, reiterou que é inocente e que não conhece o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, ligados a ela pela força-tarefa da Lava Jato. Para a senadora, os processos relacionados à Lava Jato estão “muito politizados”.
“Estou dizendo que está politizado esse processo da Lava Jato e está todo mundo muito pressionado, pela própria sociedade. Então, todo mundo tem muito medo de errar, de fazer coisas que não são corretas, e pode ser que acabe exacerbando para outro lado. Não quero fazer aqui nenhum julgamento e não estou fazendo, reitero que respeito o Judiciário, mas tenho profunda tristeza por ter recebido a denúncia”, disse.
Saiba Mais
Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo viram réus na Lava Jato
Nota
Além de falar com os jornalistas, a senadora também distribuiu nota à imprensa na qual levanta outros pontos sobre o processo que acaba de ser aberto. Gleisi Hoffmann questiona as delações de Youssef e Costa, que embasam a denúncia, e também a do sócio de Youssef, Antonio Carlos Pieruccini. “em especulações que não são compatíveis com o que se espera de uma acusação penal”, argumenta a senadora no texto.
A íntrega da nota:
"Embora nutra respeito pela Justiça de nosso País, é com profunda tristeza que recebo a decisão da 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) de acatar a denúncia formulada contra mim e meu marido pela Procuradoria Geral da República.
Em seu voto, o ministro relator Teori Zavascki concluiu dizendo que não dá para ter certeza de que os fatos ocorreram, mas que nesse momento basta uma dúvida razoável para aceitar a denúncia. Agora, pelo menos terei, no julgamento do STF, o benefício da dúvida. Estou ciente de que o Supremo Tribunal Federal, ao analisar com profundidade o que foi apresentado nos autos, saberá julgar com serenidade, imparcialidade e isenção esse processo. Tais requisitos faltaram em outras instâncias. Por isso, vejo a decisão desta terça-feira como uma nova oportunidade de provar, sem sombra de dúvidas, a nossa inocência.
Desde o início desse lamentável episódio, quando injustamente fomos indiciados pela Polícia Federal, insistimos à exaustão que não há uma única prova concreta que aponte o recebimento de recursos ilícitos para minha campanha ao Senado, em 2010.
Como o meu advogado Rodrigo Mudrovitsch voltou a enfatizar hoje da tribuna do STF, a denúncia da PGR se baseia unicamente em questionáveis delações do doleiro Alberto Yousseff, do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e do sócio do doleiro, Antonio Carlos Pieruccini. Em sua delação, essa pessoa disse que transportou a suposta propina para minha campanha, em dinheiro, de São Paulo para Curitiba, em quatro viagens. Ele afirmou ainda que entregou a quantia para o empresário Ernesto Kugler, que sempre negou o fato.
Se Pieruccini esteve realmente quatro vezes com o empresário, por que a Polícia Federal não obteve provas físicas desses encontros? A bem da verdade, a denúncia sequer aponta qualquer ato concreto cometido. Baseia-se apenas em especulações que não são compatíveis com o que se espera de uma acusação penal.
São inúmeras as contradições nos depoimentos dos delatores que embasam a denúncia, as quais tiram toda a credibilidade das supostas delações. Um deles apresentou, nada mais, nada menos, do que seis versões diferentes para esses fatos, o que comprova ainda mais que eles não existiram. Tenho certeza que a verdade prevalecerá."
Denúncia
Com a decisão de hoje da Segunda Turma do STF, Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo viraram réus em processo por corrupção e lavagem de dinheiro. Em maio, o casal foi denunciado ao Supremo sob a acusação de ter recebido R$ 1 milhão para a campanha da senadora em 2010. De acordo com depoimentos de delatores na Lava Jato, o valor é oriundo de recursos desviados de contratos da Petrobras.
Os ministros seguiram o voto do relator, ministro Teori Zavascki, segundo o qual a denúncia descreveu a conduta individual dos acusados e indicou que Paulo Bernardo solicitou o pagamento ao ex-diretor, que determinou a Youssef a entrega dos recursos, por meio de uma pessoa interposta.
Fora do trilho
Agora ré, junto com o marido, ex-ministro Pauilo Bernardo, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) avalia que a Operação Lava Jato está “completamente fora dos trilhos” e perde credibilidade do povo ao ceder a motivações políticas. Ela criticou as prisões dos ex-ministros Antônio Palocci e Guido Mantega, além do que chamou de “show midiático” na denúncia do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para ela, as ações constituem tentativas de desmoralizar o Partido dos Trabalhadores nas últimas semanas da campanha eleitoral nos municípios.
egundo Gleisi, esses ataques atingem não o partido, mas a sociedade brasileira e o estado democrático de direito. "Não é possível. Eu lamento que o Brasil esteja passando por isso, e nós vamos fazer denúncia internacional, sim, porque temos que mostrar ao mundo que a democracia novinha do Brasil, a frágil democracia brasileira está passando por uma ação continuada de golpe.
Gleisi Hoffmann também acusou o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, de usar informações privilegiadas da Operação Lava Jato em campanha eleitoral, colocando sob suspeição a autonomia da Polícia Federal e constituindo improbidade administrativa. A senadora salientou a ilegitimidade do governo de Michel Temer, que, segundo ela, promove reformas que vão “matar o povo brasileiro”.
Fonte: Agência Senado
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