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Argentinos recolhem alimentos estragados e descartados para escapar da fome

Inflação no país atinge os três dígitos e enfrenta sua pior crise econômica

Da Redação

Terça - 12/03/2024 às 22:24



Foto: Reuters/Matias Baglietto Na imagem, um argentino buscando alimento entre os descartados
Na imagem, um argentino buscando alimento entre os descartados

Sandra Boluch, vendedora de frutas e verduras em Buenos Aires, vem observando uma tendência preocupante à medida que a inflação na Argentina atinge mais de 250%: vendas em queda e mais pessoas pegando o que ela joga fora, na esperança de encontrar o suficiente para fazer uma refeição.

Argentina está passando pela sua pior crise econômica em décadas, com o novo governo do presidente Javier Milei, que vem tentando conter a inflação de três digitos com medidas severas, o que impulsiona as finanças do Estado, contudo, pressiona a população.

Um estudo do mês passado sugeriu que a pobreza na Argentina estava aproximadamente em 60%, comparados aos 40% do ano anterior, pressionando os planos de reforma e os cortes de gastos de Milei para que apresentem resultados rápidos, uma vez que a raiva ferve em todo o país e as pessoas lutam para sobreviver.

“Temos alguns contêineres nos fundos onde o lixo é descartado e, quando você vai com uma caixa, vê 20 pessoas vindo até você para ver o que podem levar como prato de comida para a mesa delas”, disse Boluch, acrescentando que isso já havia acontecido antes, mas que agora ela estava vendo muito mais pessoas.

“A verdade é que é algo muito difícil, muito triste, porque há muitas pessoas e muitas pessoas idosas.”

Milei, enfrentando uma crise que herdou, tem implementado algumas medidas duras para combatê-la, incluindo cortes nos gastos do Estado, como subsídios para serviços públicos e transporte, ao mesmo tempo em que procura simplificar os programas de bem-estar social. Seu governo desvalorizou o peso em mais de 50% em dezembro, o que aumentou ainda mais a inflação. Os preços, mesmo em dólares, começaram a subir, e os argentinos de todas as classes sociais estão se sentindo prejudicados.

“A situação é muito grave”, acrescentou Boluch. “As pessoas estão levando menos quantias, suas carteiras estão realmente sofrendo.”

O governo divulgará os dados da inflação de fevereiro ainda nesta terça-feira (12), com estimativas de que o aumento mensal será de cerca de 15,3%, abaixo dos 20% de janeiro e dos 25% do mês anterior. Anualmente, o índice permanecerá acima de 250%.

No entanto, Milei disse que março pode ser “complicado” e que os sinais na economia parecem sombrios, com queda nas vendas, na atividade e na produção, enquanto as medidas de austeridade reduziram as pensões, os salários do Estado e o investimento público.

Fonte: Agência Brasil

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