Política

Donald Trump se apresenta para o segundo dia de julgamento em Nova York

Trump é acusado de comprar o silêncio de uma atriz pornô durante a campanha eleitoral de 2016

Da Redação

Terça - 16/04/2024 às 11:23



Foto: Erin Scott - 5.out.20/Reuters Então presidente dos EUA, Donald Trump retira máscara ao chegar à Casa Branca após ter sido internado com Covid-19
Então presidente dos EUA, Donald Trump retira máscara ao chegar à Casa Branca após ter sido internado com Covid-19

O empresário e ex-presidente dos EUA, Donald Trump, se apresentou a um tribunal de Manhattan nesta terça-feira (16), em Nova York, para o segundo dia de seu histórico julgamento sobre a acusação de comprar o silêncio de uma atriz pornô durante a campanha eleitoral de 2016. Na segunda-feira (11), ele afirmou ser vítima de perseguição política.

O primeiro dia mostrou a complexidade do julgamento. Cerca de metade dos 96 jurados em potencial foram dispensados após alegarem que não poderiam ser justos e imparciais no caso. Os advogados tentam escolher 12 para considerar a culpa ou inocência do primeiro ex-presidente dos Estados Unidos a enfrentar acusações criminais.

Os 12 jurados selecionados, juntamente com seis suplentes, ouvirão os depoimentos de Stormy Daniels e Michael Cohen, o ex-construtor de Trump que deverá ser uma testemunha importante no caso. A seleção do júri deve durar o resto da semana, e o julgamento está programado para durar pelo menos até maio.

O procurador distrital de Manhattan, Alvin Bragg, um democrata, acusou Trump de 34 crimes de falsificação de registros comerciais para encobrir um pagamento de dinheiro secreto à estrela pornô Stormy Daniels pouco antes da eleição de 2016. A atriz diz que teve um encontro sexual com o ex-presidente cerca de uma década antes.

Trump se declara inocente e nega que o encontro tenha ocorrido. Por sua vez, os promotores querem mostrar que o ex-presidente encobriu o pagamento para ocultar um crime, como uma contribuição ilegal de campanha.

Em outras jurisdições, Trump é acusado de manipular indevidamente informações confidenciais e tentar reverter sua derrota em 2020 para o democrata Joe Biden. Mas o caso do dinheiro secreto pode ser o único a ir a julgamento antes da eleição de 5 de novembro.

Trump se declarou inocente em todos os quatro casos criminais. O empresário alega que as acusações são um complô dos democratas de Joe Biden para neutralizá-lo politicamente.

Lá fora

Embora o caso de Nova York esteja centrado em eventos que ocorreram há mais de sete anos, os promotores estão tentando responsabilizar Trump também por condutas mais recentes. Na segunda-feira, eles solicitaram ao juiz Juan Merchan que multasse Trump em US$ 1.000 por cada uma das três postagens nas mídias sociais neste mês que criticaram a atriz e Cohen.

De acordo com uma ordem imposta por Merchan, o ex-presidente está impedido de fazer declarações sobre testemunhas, funcionários do tribunal e membros da família que possam interferir no caso. O advogado de Trump, Todd Blanche, alega que o ex-presidente apenas respondeu críticas.

O empresário usou sua plataforma de mídia social Truth Social na manhã de terça-feira para criticar Merchan, dizendo que o juiz não permitiria que ele respondesse a "pessoas que estão na TV mentindo e vomitando ódio o dia todo".

"Retirem a ordem de mordaça!!!", escreveu ele.

Trump é obrigado a comparecer ao tribunal durante todo o tempo. Na segunda-feira, Merchan negou um pedido para que ele faltasse a uma sessão para que pudesse comparecer a uma audiência na Suprema Corte dos EUA, onde seus advogados argumentarão que Trump não deveria ser processado por ações que tomou como presidente.

"Ele acha que é superior, eu acho, à Suprema Corte. Temos um problema real com esse juiz", disse Trump após a sessão de segunda-feira.

De acordo com a Promotoria, Michael Cohen, assessor de Trump, teria pagado US$ 130 mil à atriz Stormy Daniels em acordo para que ela não falasse sobre suposto caso com o empresário. Depois, já durante seu mandato na Casa Branca, o republicano teria reembolsado Cohen com depósitos feitos pela empresa de Trump, em dinheiro disfarçado de despesas legais da empresa, o que violaria, de acordo com os promotores, leis de Nova York.

A Promotoria trabalha com a tese de que esse não é o único caso de compra de silêncio ocorrido durante a campanha de 2016, o que poderia se relacionar a um esforço maior para impulsionar as chances eleitorais de Trump na ocasião e, assim, a um delito eleitoral do estado e a uma violação relativa ao financiamento de campanha.

Se condenado, Trump ainda poderia concorrer a um cargo e servir como presidente caso vença as eleições. No entanto, uma pesquisa Ipsos/Politico conduzida no começo de março mostra que mais de um terço dos eleitores independentes —nem democratas, nem republicanos— disseram que uma condenação no caso diminui sua chance de apoiar Trump. Dada a previsão de disputa acirrada contra Biden, isso pode custar caro.

Nascido em Nova York e atualmente com residência na Flórida, Trump foi um dos destaques da imprensa sensacionalista da cidade por décadas antes de ganhar a presidência como republicano em 2016. Mas, como político, ele nunca pôde contar com os votos da cidade fortemente democrata.

Fonte: Folha de S.Paulo

Siga nas redes sociais

Compartilhe essa notícia: